| Jornal online - Registo ERC nº 125301



A Aldeia das Mulheres
SECÇÃO LIVROS, os nossos escritores ou os escritores que abordem temáticas relacionadas com a região de Trás-os-Montes e Alto Douro passarão por aqui numa apresentação mais ou menos minuciosa da sua obra. Envie-nos sugestões de autores transmontanos para aqui os podermos divulgar.
Publicado sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011 | Rubrica da responsabilidade de António Luís Pereira

Padre Julião e Simplício, um homem de quase dois metros, são os únicos seres masculinos válidos em Pousos, a Aldeia das Mulheres. As carências sexuais delas e os estranhos casos que vão acontecendo dão à aldeia um estatuto de invulgaridade vigiada pelo Governo. É, provavelmente, a única aldeia matriarcal nos anos 50 e 60 do século XX, em Portugal. Há ainda Carolina, uma menina que cresceu sozinha, e tudo o que lhe aconteceu foi tão cedo de mais…


Excerto
"- E o teu seio?
- O caroço desapareceu.
Custódia sentou-se na borda da pedra, mal cabia, a pedra era uma fraga muito pequena, aveludada de musgo.
- Queres ver?
- Mostra-me.
- Mas não vês. Já está escuro.
- Mas apalpo. É tão bom apalpar.
Julieta riu-se, aquele risinho de quem acaba de ouvir uma tolice, mas que gostou da tolice. Custódia não apalpou, cheirou o seio, cheirou o quente da carne, meteu o nariz no arranque dos seios dela, lambeu verticalmente o rego dos seios, havia tanta saliva na boca dela que a foi vertendo e a saliva foi escorrendo em direcção ao umbigo de Julieta. A lua, saindo do interior duma nuvem, deixava que vissem os rostos, uma visão nocturna, esbatida e marginal. Puseram-se de pé e abraçaram-se coladas, roçaram-se assim, saia contra saia, o joelho de Custódia a invadir o entre pernas de Julieta, ambas tinham os seios nus, os de Custódia, que Julieta mal vira, eram volumosos e ainda resistentes aos efeitos da gravidade, Julieta enterrou o rosto neles, gemiam as duas; uma das coisas que lhes dava tesão era poderem gemer à vontade, poderem soltar todos os gemidos abafados no tempo dos maridos. Custódia assumiu o papel de dominadora e orientou as coisas.
- Vamos para cima, vamos para casa.
- Sim.
- Vou fazer-te vir, minha cabrinha!
- Sim."

Autor: Manuel António Araújo
Título: A Aldeia das Mulheres
Editor: Lugar da Palavra
Ano de edição: 2011
nº de páginas: 168

Dados biográficos do autor:
Manuel António Teixeira Araújo nasceu em Chaves, é licenciado em Filologia Românica pela Universidade de Coimbra e mestre em Língua e Literatura Portuguesas pela Universidade do Minho. É professor efectivo da Escola Secundária Fernão de Magalhães em Chaves. Publicou dois romances: "É Tão Cruel ter Memória" (Colibri) e "A Cidade do Patriarca" (Pé de Página).
Foi galardoado com os seguintes prémios: Prémio Nacional na modalidade de Conto, instituído pela Câmara Municipal de Lisboa, freguesia de Santo António dos Olivais (1991); Prémio Revelação na modalidade de Ensaio, pela APE (2001); 2.º prémio do Concurso Nacional de Poesia Agostinho Gomes (2004).

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